sábado, 20 de março de 2010

Tudo o que eu pareço fazer é caminhar por ruas desertas e caminhos já trilhados que não me levarão a lugar algum, apenas até onde todos os outros já foram.
A solidão tem sido a minha grande companhia nesta noite, há alguém batendo na porta, mas eu estou cansado demais para abri-la, talvez eu devesse apenas me manter sentado sobre as velhas escadas e relembrar dos dias em que eu sorri.
Parecia mais difícil quando todos temiam estar sós, o vento que bate nas janelas não é tão assustador quanto diziam e não há nada embaixo das camas para me aterrorizar, apenas o meu reflexo diante a um espelho me trás medo. Já não é mais como antigamente, eu não consigo agradecer por acordar depois de adormecer em uma noite conturbada.
Estar solitário não é tão ruim quanto parece, eu pude me conhecer melhor durante cada segundo em que estive só e notei que já não sobrou muito para se amar.
Eu governei o mundo em outros tempos, era o seu rei e o tinha sobre as minhas mãos, o girava de acordo como convinha e até mesmo o parava se eu o desejasse, mas ele tomou formas e eu passei a ser escravo do seu tempo, das suas vontades e me tornei o pequeno monstro de hoje.
Eu estive só durante tanto tempo que me esqueci de como é ter alguém ao redor, de como é sorrir, de como é chorar, de como se vive, eu deixei para trás todos os sentimentos que já tive, eu me tornei mórbido, frio, como são muitas as manhãs de inverno, mas não havia nada mais para ser feito. Talvez exista alguma fórmula em algum templo por ai, mas não existe mais tempo, está chegando ao final, o tempo está correndo de pressa, como pequenos grãos de areia escorregando dentro de uma ampulheta.
O amanhã está distante demais para que eu possa criar expectativas, talvez eu tenha apenas mais uma noite sozinho neste cômodo, a solidão tem sido tudo o que eu tenho e isso faz com que eu me sinta melhor.
Talvez eu adormeça junto a ela por mais esta noite e não me preocupe caso o amanhã não possa chegar.

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