segunda-feira, 15 de março de 2010

Ninguém sabe...

Ninguém sabe como é se sentir sozinho, como é difícil encarar o amanhã quando seus olhos estão molhados e salgados.
Ninguém sabe como é percorrer o mesmo caminho todos os dias e enxergar no chão todos os seus erros e não ter ninguém ao redor para culpar.
Ninguém sabe como é se sentir um perdedor, sempre atrás da linha de chegada.
Ninguém sabe como é difícil caminhar quando se tem vontade de voar, de se ver diante a um céu aberto e não ter asas para te levar para cima, simplesmente porque se está destinado a estar sempre por baixo.
Ninguém sabe como é acordar do lado errado da cama, como é querer sonhar e não conseguir fazê-lo, como é desejar adormecer e não acordar mais.
Ninguém sabe como é andar sempre sobre cordas bambas, temendo olhar para baixo e ver aplausos de uma platéia que anseia pela sua queda.
Ninguém sabe como é estar sempre vazio, como é ter um buraco no peito e tentar preenchê-lo com sentimentos que já não fazem mais sentido.
Ninguém sabe como é se deparar com um estranho no espelho, como é ser assombrado por um fantasma que percorre os quatros cantos do seu cômodo solitário.
Ninguém sabe como é a dor que silencia corações apenas para fazê-lo sangrar.
Ninguém sabe como é construir seu castelo de areia sobre o mar, como é ver todas as suas projeções se desfazerem em segundos.
Ninguém sabe como o tempo é duro, de como ele não apaga o que se gostaria de esquecer, ninguém sabe que ele nunca voltará atrás e que todas as decepções serão vividas no tempo presente, pois jamais se esquece.
Ninguém sabe que a chuva densa que cai nos fins de tardes não é o suficiente para lavar a alma de todos os pecados cometidos.
Ninguém sabe como é difícil ocultar a dor e estancar um ferimento, apenas para que não vejam.
Ninguém sabe como é difícil não se importar, como é entregar flores com espinhos.
Ninguém sabe como é sorrir apenas para não perder o conceito de força, como é sorrir sem que haja um motivo qualquer, como é sorrir apenas para não se esquecer de como fazê-lo.
Ninguém sabe como é andar contra a multidão, como é estar do lado errado da rua.
Ninguém sabe como é ser escravo dos seus próprios erros, como é utilizar todas as ferramentas e não conseguir consertá-los.
Ninguém sabe como é estar preso a uma vida de mentiras, como é se enganar o tempo todo sobre tudo.
(Minha consciência dói.)
Ninguém sabe como é tentar fazer os ponteiros do relógio correr ao contrário, para que se pudesse apenas recuperar o tempo perdido.
Ninguém sabe como é ajoelhar-se diante do céu e pedir por uma segunda chance.
Ninguém sabe como é escrever seu próprio conto de fadas e ter consciência de que não haverá um final feliz.
Ninguém sabe cometer erros tão bem como eu os tenho feito.
Ninguém sabe como é se sentir tão só, se sentir assim.
( Eu sei )

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