quinta-feira, 15 de setembro de 2011

No love. No pain.

Há uma corda em seu pescoço. Seu rosto transpira dor. Sinais de desespero por toda parte. Há somente um comodo sombrio habitado por fantasmas onde antes, havia um sorriso doce.
Ele acreditava que o amor valia a pena, mas o amor o matou. Ela o consumiu até que ele não tivesse mais forças. E ele cedeu...Deixou que ela entrasse em sua vida até não ter mais condições de tirá-la. Agora nada mais será como antes. Nenhum amor. Nenhuma dor.
Todas as conversas cessaram. Os sorrisos não serão mais vistos e nenhum abraço será dado. Apenas lembranças. Tudo o que ela deixou foram lembranças. Tirou tudo o que podia aos poucos. Lentamente conseguiu seu objetivo.
Há dor por todo lado. Isso não pode ser amor. Mas porque eu ainda a amo?
Ela é como o fogo. Queima tudo o que vê. Não há limites para a destruição. Ela sempre pede mais do que se pode dar. Ela domina por completo. Até que a sua vida acabe e então, haverá outra vítima.
Ela o levou. Cruelmente o levou. Não há nada a ser feito. Ela amarrou uma corda em seu pescoço e em sua alma. Nada vai mudar. Nada o trará de volta.
Eu a odeio.
Eu a amo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A ignorância como ópio da sociedade


Vivemos em um mundo em que para onde quer que você olhe, haverá um capitalismo intenso atingindo-nos em cheio. Instalado na mente e no desejo de consumir que vai além da busca pelo necessário, mas principalmente pela satisfação e pelo prazer de obter. Nós já nascemos manipulados. Crentes de que o que temos e o quanto temos é capaz de dizer quem somos. Almejamos a frivolidade que consiste no verbo “ter”, até nos conscientizarmos de que somos apenas fantoches nas mãos de quem detém o poder.
É muito mais fácil e menos trabalhoso conceder o que as pessoas necessitam para sobreviver, do que correr o risco de que as mesmas se questionem sobre os seus direitos e pensem a respeito.E aqueles que anseiam por uma condição de vida melhor e esperam que para obtê-la possam manter a dignidade que possuem, almejam também que ambas as coisas possam coexistir em um mesmo espaço e tempo. Estes formam uma minoria pensante, que mais tarde volta a fazer parte de uma massa totalmente manipulada, por necessidade. Por fazermos parte de um sistema inoperante e incapaz de fornecer qualquer benefício verdadeiro e então, nos conformamos com o pouco que se torna suficiente. E em contrapartida, nos deparamos com o crescimento do poder cada vez maior e a massa se aflige e se perde em meios a tentativas fracassadas de sobreviver dignamente.
A desigualdade social que vivenciamos é o maior agravante do mundo e das pessoas que o compõe. É um erro comum realizar críticas à sociedade sem nada fazer por ela, pois uma crítica à sociedade nada mais é do que uma crítica a nós mesmos. Porém, nos parece muito mais viável responsabilizar outrem, seja quem for, pelos nossos fracassos, nossos medos e nossas frustrações diante as limitações e restrições que nos são impostas.
E nós, consideramos confortável viver determinadas situações como vítimas do abuso de poder, simplesmente porque nos parece mais fácil. Desejamos que as pessoas sintam pena de nós. Gostamos de nos colocar em situações inferiores aos demais porque é mais simples e prático lamentar do que tomar uma atitude e correr riscos. Não estamos prontos para corrermos riscos. Não estamos dispostos e nem temos condições de colocar a perder o que com tanto sacrifício conquistamos. Não podemos nos exaltar e deixar de lado os poucos objetivos em que obtivemos êxito, porque não há uma causa para lutarmos, não há objetivos a serem conquistados em nome de uma nação. Existe luta sim, mas lutamos cada um por si. E uma sociedade jamais será composta por seres individualistas.
Vivemos em uma ditadura disfarçada, onde alimentamos a ilusão de que o poder é compartilhado e que trabalhamos juntos para o bem comum. E se analisarmos as condições de vida que temos hoje, perceberemos que não são tão diferentes das que tínhamos anos atrás. O que difere a vida durante estes anos é que a luta pelos direitos que temos tornou-se cada vez mais escassa. E o impressionante mesmo é que a nossa geração que se julga tão moderna parece não se preocupar em melhorá-la. Vamos celebrar o conformismo e a ignorância!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Cadeia de doentes

De repente senti uma súbita vontade de tê-la deslizando por entre meus dedos outra vez. A saudade bateu fortemente, me fazendo reviver as memórias das noites mal dormidas que tive pela sua presença em meu corpo. Os dias viravam noites em questão de segundos, como se o mundo fosse feito apenas da escuridão que nos envolvia. Ainda posso sentir meu corpo dormente e seu gosto em meus lábios junto à dificuldade para respirar a cada vez que enrolada, alinhava cada parte de ti para enfim te sentir outra vez em meu interior. O modo como mexe com o meu pensamento instantaneamente, fazendo-me questionar coisas que meu consciente jamais cogitou. Momentos depois você parte sem avisar, deixando apenas a sensação de vazio, como se eu precisasse de mais uma dose de você. Novamente nos tornamos um só, na tentativa de satisfazer e preencher o buraco que há em mim. Um vazio que só você pode completar. Nessa loucura incessante de tê-la, torno-me totalmente dependente de você, como se cada fragmento seu se alojasse em uma parte do meu cérebro e corresse por todas as minhas veias, levando fatalmente ao meu coração. Sinto saudade dos encontros ao anoitecer, da adrenalina e do perigo que corríamos. Luzes vermelhas rodeavam os quarteirões afim de nos separar brutalmente. O cheiro da grama úmida unificando-se ao seu cheiro, saboreio-te enquanto lentamente a seguro em minhas mãos. Meus olhos cintilam ao tocá-la, aspiro-a, buscando por prazer, buscando uma satisfação que nunca chega, desejando-te cada vez mais. Sinto falta das madrugadas frias onde meu corpo sobrepõe o seu tentando guardá-la só para mim. Passamos mais uma noite em claro, meu corpo cansado ainda formigando não responde mais aos comandos, minhas pupilas dilatas me impedem de dormir. O amanhecer chega e eu ainda estou pensando em você, minha consciência dói, mas ainda desejo pelo próximo encontro. Ao entardecer um vendaval nos atinge profundamente, levantando toda a poeira escondida. É a última vez que eu a tenho. Lágrimas e dor compõem o cenário de despedida. Dolorosamente a deixo ir, sabendo que me renderia no próximo encontro. Olhares de julgamento são lançados sobre nós. Ninguém é capaz de compreender a conexão que temos. Os dias passaram até tornarem-se meses. Foi uma difícil luta contra o desejo de tê-la outra vez, sentia como se eu estivesse em um campo de batalha completamente só e, em um momento insano tivesse atirado contra o meu reflexo em um espelho, afim de acabar com a abstinência em que eu me encontrava. Desejei-te com tanta intensidade no período em que estivemos distantes que me questionei sobre como uma paixão momentânea fora capaz de me assolar durante tantos meses. O tempo parecia correr em uma ampulheta, onde cada pequeno grão de areia demora a cair, tornando assim a minha busca por uma cura em um processo infinito. Sinto saudade das sensações que me proporcionava, de como eu me sentia quando a tinha comigo. Era um misto de loucura com uma realidade dura. Sinto falta de andar como se estivesse correndo e depois deitar na grama e olhar para um céu estrelado e pensar o que eu estava fazendo da minha vida e no que eu havia me transformado. Senti muita falta durante todo o tempo e eu sei que não estamos imunes a nos apaixonarmos novamente. Mas há algo do qual tenho certeza. Seremos um só outra vez. Quando meu corpo não possuir mais funções será reduzido às cinzas e então compartilharemos dos mesmos aspectos. Tudo o que restará. Tudo o que nos tornaremos. Será pó. Somente pó.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Liquidificador


Havia um cômodo sombrio e nele apenas uma alma perdida deitada sobre as sombras. Ele estava tentando voltar, a desejava e a queria consigo, percorreu os quatro cantos até possuí-la outra vez. Ela levantou-se e permitiu a sua chegada, não tão receptiva como outrora, mas deixou-se levar novamente. Ele aproveitou-se e fazia tudo girar, fez seu corpo formigar e fez com que ela sentisse o seu calor, queimava-a com o fogo da onde vem.
A guerra começou pouco depois de ela abrir o portal e chamar pelas trevas, perdera a voz e os sentidos, ele não a deixou dizer não, guardou-a para si e a fez queimar. Tomando-a pela mão mostrou-lhe novamente a sua origem, ela sentiu o corpo tremer e o arrependimento tocando-a, tarde demais Ele dizia, debochando em seus ouvidos.
Ela resistiu quando um rosto novo se aproximava pedindo-a para voltar, tarde demais, ela ainda o ouvia, perdera o controle outra vez e jogou-se ao chão, sua presença ainda era viva e ela ainda o sentia enquanto imóvel queimava em dor.
Ele sabia como a trazer para si, pois já o tinha feito e não falharia outra vez, mas ela parecia resistir ao seu chamado, ela se prendia ao que Ele denominava de Fé ao seu inferior e, não foi o nome Dele que ela chamou enquanto angustiada gritava por dentro. Ele trouxe o maior fantasma de seu passado e divertia-se com o medo que causara, prometera arrancar o seu presente e ria da sua fragilidade. Foi quando ela se apegou ainda mais a sua pequena resistência e isso o irritou, ela ouvira um novo canto numa voz doce e suave, sobretudo, irreconhecível. Ele partiu para possuir os dois mais fracos.
A voz vinha ao seu encontro e ela encontrou paz no olhar desconhecido. A mulher parou diante dela e ela soube que iria morrer para se libertar. Sua única frase da noite foi o consentimento de sua morte. A mulher com o seu manto e a sua coroa brilhante friamente a matou. Imóvel, ela estava partindo dali, sua alma gritou num tom agudo e ela deixara seu corpo sem vida jogado ao chão ao lado de um rosto amedrontado.
Olharam-se e ela sabia de alguma forma, que a mulher estava a sua espera, seguiu-a mantendo o seu silencio. Percorreram o corredor enquanto os olhos alheios olhavam-nas com espanto, o garoto nada entendera, mas não era preciso, a regra foi manter a inocência de uma criança fora da guerra dos dois mundos.
Junto à mulher ela encontrou outra vez com Ele, desta fez Ele não a usara e estava furioso, é você que eu quero, ela ainda podia escutá-lo próximo aos seus ouvidos, via o fogo em seu olhar, mas agora ela estava imune ao seu calor. A mulher a olhou e os pensamentos de ambas se encontraram, ela sabia que precisava distanciar-se por um momento para que ele partisse, mas ele não o fez. Eram dois contra dois e o restante incrédulo, não tinha idéia de quem apostar.
Com o seu manto e sua coroa, ela partiu levando a todos a sua palavra que quase sempre era ignorada, disse com sua voz suave o que cada um precisava ouvir e ela seguia a mulher fielmente. Seu corpo ainda não o pertencia e seus sentidos não eram necessários, ela era apenas a sua alma e era exatamente isso o que a preocupava, a cor escura com que a tingiu. Ele voltara ainda mais forte, desta vez no corpo fraco que o desejava. Travaram outra batalha, todos estavam feridos, todos possuíam uma fresta em suas almas, portanto não haveria de fato, vencedores. O dia começou a surgir, mas a luz do sol era ofuscada pelas sombras que rodeavam as paredes da casa. Por fim, Ele a buscou. A mais poderosa de todas, tirou-lhe o manto e invadiu seu corpo. Ele sorria enquanto notava o desespero dos demais e alegrava-se com os que estavam com Ele. Então,  percebeu que seria ela quem deveria salvar a mulher, uniu forças e lutou até expulsá-lo. Aparentemente ele havia partido, então todos cansados de uma luta sem trégua, adormeceram. Exceto aquela a quem ele possuíra, esta estava imóvel deitada em sua cama, mas ao olhá-la ela sabia que estava além disso, esta estava deitada em seu tumulo onde mais tarde encontraria o que perdera. 
Por fim, ela sabia que ainda não havia acabado, tentara se desligar e voltar para o seu mundo, mas não conseguia encontrar um caminho de volta, então enquanto todos retornavam aos seus corpos, silenciosamente ela ajoelhara-se e fechara o portal, na esperança de nunca mais o encontrá-lo. Voltara ao cômodo em que estava na busca de paz para enfim adormecer. Não aconteceu.
O sol se posicionava no céu logo pela manhã, os rostos confusos já não sabiam dizer o que havia acontecido, apenas uma breve parte do ocorrido era suportado por suas memórias.
Ele não voltara. Não aquela manhã. Mas ela sabia que o que havia acontecido talvez tivesse sido uma de suas experiências mais reais. E que Ele voltaria.  Cedo ou tarde.

sábado, 4 de setembro de 2010

Mentira é doença, problema moral, necessidade ou brincadeira?


Há quem acredite que o ato de mentir vai além de um problema moral, sendo de fato uma doença. Porém, como podemos classificar uma mentira? Que critérios podemos utilizar para saber quando a mentira deixa de ser uma brincadeira e passa a ser uma necessidade? E até que ponto esta necessidade pode ser usufruída sem se tornar uma doença ou um sério problema moral?
Mesmo com todas as possíveis explicações para fazer o uso de uma mentira, nenhuma delas pode ser considerada plausível. Se fizermos uma análise profunda sobre o ato de mentir, perceberemos que a mentira possui fases onde a sua progressão é nítida. Começamos a mentir por brincadeira, com inocência e sem intenção de proporcionar o mau a outrem, depois passamos a mentir por necessidade, onde a mentira não tem como função também em causar quaisquer prejuízos a outros indivíduos, mas em beneficiar a nós mesmos. A terceira fase da mentira consiste no fato de que esta é realizada freqüentemente, sem qualquer preocupação com o que pode ser gerado a partir dela, sem escrúpulos ou moral. Passando desta, a mentira passa a ser uma compulsão, o que poderíamos considerar como uma doença.
De fato, não importa como iremos classificar uma mentira ou qual será o critério para avaliar sua relevância; seja uma doença, problema moral, necessidade ou brincadeira, a mentira não deixará de existir, pois faz parte da condição humana.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

The Moon


Apenas mais uma noite fria. Mas eu não me sinto completamente só neste cômodo vazio. Há algo queimando em meu peito. Enquanto um rosto surge docemente em minha memória. De alguma maneira as milhas tornam-se menores. Trazendo-a para perto. Quase ao alcance das minhas mãos. Do meu toque. Então, eu a sinto presente. Compartilho minha respiração comigo mesma. Enquanto finjo unificá-la à sua. Lá fora a lua se projeta num céu escuro. Ao olhá-la as preocupações voam para longe. Dando espaço às poucas certezas que guardei. Pois eu sei. Apenas sei. Que quando você estiver a olhá-la. Estaremos sob o mesmo céu. Compartilhando do mesmo amor. Então eu agradecerei todos os dias. Pois cada um deles concretiza o nosso sempre de hoje. Assim, não importa em que parte do mundo você esteja. Parte de mim estará sempre com você. Quanto ao amanhã. Não me preocupa se eu não puder encontrar no céu o brilho da lua. O amanhã será sempre a nossa próxima conquista. E dele, a única coisa que me preocupa é não poder fazê-la sorrir.

domingo, 8 de agosto de 2010

O medo é parte da condição humana, o que nos diferencia é até que ponto o medo nos limita a agir.