segunda-feira, 25 de julho de 2011

A ignorância como ópio da sociedade


Vivemos em um mundo em que para onde quer que você olhe, haverá um capitalismo intenso atingindo-nos em cheio. Instalado na mente e no desejo de consumir que vai além da busca pelo necessário, mas principalmente pela satisfação e pelo prazer de obter. Nós já nascemos manipulados. Crentes de que o que temos e o quanto temos é capaz de dizer quem somos. Almejamos a frivolidade que consiste no verbo “ter”, até nos conscientizarmos de que somos apenas fantoches nas mãos de quem detém o poder.
É muito mais fácil e menos trabalhoso conceder o que as pessoas necessitam para sobreviver, do que correr o risco de que as mesmas se questionem sobre os seus direitos e pensem a respeito.E aqueles que anseiam por uma condição de vida melhor e esperam que para obtê-la possam manter a dignidade que possuem, almejam também que ambas as coisas possam coexistir em um mesmo espaço e tempo. Estes formam uma minoria pensante, que mais tarde volta a fazer parte de uma massa totalmente manipulada, por necessidade. Por fazermos parte de um sistema inoperante e incapaz de fornecer qualquer benefício verdadeiro e então, nos conformamos com o pouco que se torna suficiente. E em contrapartida, nos deparamos com o crescimento do poder cada vez maior e a massa se aflige e se perde em meios a tentativas fracassadas de sobreviver dignamente.
A desigualdade social que vivenciamos é o maior agravante do mundo e das pessoas que o compõe. É um erro comum realizar críticas à sociedade sem nada fazer por ela, pois uma crítica à sociedade nada mais é do que uma crítica a nós mesmos. Porém, nos parece muito mais viável responsabilizar outrem, seja quem for, pelos nossos fracassos, nossos medos e nossas frustrações diante as limitações e restrições que nos são impostas.
E nós, consideramos confortável viver determinadas situações como vítimas do abuso de poder, simplesmente porque nos parece mais fácil. Desejamos que as pessoas sintam pena de nós. Gostamos de nos colocar em situações inferiores aos demais porque é mais simples e prático lamentar do que tomar uma atitude e correr riscos. Não estamos prontos para corrermos riscos. Não estamos dispostos e nem temos condições de colocar a perder o que com tanto sacrifício conquistamos. Não podemos nos exaltar e deixar de lado os poucos objetivos em que obtivemos êxito, porque não há uma causa para lutarmos, não há objetivos a serem conquistados em nome de uma nação. Existe luta sim, mas lutamos cada um por si. E uma sociedade jamais será composta por seres individualistas.
Vivemos em uma ditadura disfarçada, onde alimentamos a ilusão de que o poder é compartilhado e que trabalhamos juntos para o bem comum. E se analisarmos as condições de vida que temos hoje, perceberemos que não são tão diferentes das que tínhamos anos atrás. O que difere a vida durante estes anos é que a luta pelos direitos que temos tornou-se cada vez mais escassa. E o impressionante mesmo é que a nossa geração que se julga tão moderna parece não se preocupar em melhorá-la. Vamos celebrar o conformismo e a ignorância!