sexta-feira, 26 de junho de 2009

Há um mundo há minha volta e eu pareço não me importar com ele, sorrisos falsos e pessoas vazias não me completam.
Apresento um olhar intenso e trago no rosto um sorriso alegre, imune a dor, camuflando sentimentos. O que ninguém pode ver é que por trás desse sorriso existe uma alma presa ao sofrimento, um coração gelado e pálido como uma intensa manhã de inverno. A frieza que reside aqui dentro é permanente, o tempo apenas armeniza mas ainda assim, o vazio que foi criado não deixa de existir, pelo contrário, ele é ainda mais explorado e eu vou me perdendo dentro da escuridão que eu mesma criei dentro de mim.
Não há luz para seguir, não há nada que ilumine um interior perdido em trevas, por diversas vezes eu busquei um caminho oposto à dor, mas não obtive resultados, todas as tentativas foram fracassadas e com o fracasso veio a frustração, a sensação de estar me afundando cada vez mais, me jogando de um precípicio onde não há voltas.
Fixamente eu olho no espelho e não posso mais identificar o reflexo, é tão vago que eu mal posso compreende-lo, chega a ser como uma busca por uma estrela em uma noite completamente escura, você sabe que é possível, que existe, apenas não pode ver e o que dói não é a falta da visão, mas sim a certeza do que já foi perdido.
O externo já não preocupa, preocupante tornou-se olhar para dentro e ver que no peito um coração fragmentado foi substituído por uma pedra, dura e fria.
Com o amanhecer renovam-se as esperanças, mas logo já não faz mais sentido esperar, é evidente que uma mudança não fará efeito no que ja estava pré-determinado para acabar.

O Novo

Numa fria tarde de inverno, trancada num quarto vazio e escuro, deixando-se levar pelos pensamentos que voam para longe, afim de encontrar o alguém o qual vem idealizando, sonhando com o que jamais se tornará real, a ilusão se tornou um porto seguro, ou até mesmo uma maneira de se machucar menos, de viver num mundo irreal todas as expectativas que aqui não podem ser vividas.
Tornara-se uma pessoa vazia, passou a admirar a frieza e a usá-la como um escudo, uma forma de não mostrar para si mesma que frias são apenas as manhãs e que em seu peito ainda bate um coração queimando em chamas.
Passou a ter medo daquilo que não pode controlar, caminha sozinha com receio de andar lado a lado novamente, esconde-se nas sombras, perdeu-se em meio a sua própria escuridão, conta os minutos de cada hora, já não vê mais graça ao se deparar com o dia, as noites solitárias tornaram-se mais interessantes. Já não pensa mais em mudar, já não pensa em mais nada, seu pensamento é ocupado pelo indesejado, não consegue parar de pensar naquele olhar, apaixonou-se pelo sorriso e teme ter o coração despedaçado.
Sonha com a noite em que tudo começou, quando pela primeira vez sentiu o toque, quando encontrou a beleza na intensidade daquele olhar, estranhamente se sentiu fascinada como há algum tempo não se sentia. Com os dias sente medo do novo, do que possa vir a sentir ou de quem possa vir a quebrar as falsas barreiras que fora criada.
Há todas as noites a sensação de vazio a domina e com isso sua angústia só aumenta, vive de uma felicidade momentânea, ou finge ser feliz, tem se enganado e feito disso um propósito, a idéia de que se tornou algo múto a deixa mais perto do seu desejo, de sua ilusão. E em cada noite o seu pedido se tornou o mesmo, pede para que sua fascinação seja real, para que exista um encaixe, ou simplesmente para que o telefone toque e possa ouvir a sua doce voz dizendo que sim.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Tentando me manter em pé, tentando me manter forte, isto é apenas uma armadura que utilizo para não mostrar as minhas fraquezas, para não dizer sobre as dores que trago, para não mostrar as feriadas não cicatrizadas as quais sangram e me fazem sofrer em silêncio, pois eu sei que um grito seria sufocado, pois esta é uma dor incurável.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Abismo

Quando tudo está perdido e parece ser difícil achar o caminho, quando a luz parece estar distante, quando a fé vai se tornando cada vez mais escassa, nos meus sonhos, no meu inconsciente é o seu rosto que eu busco. Prendendo-me na tua feição, iludindo-me no teu breve sorriso, me perdendo na profundidade do teu olhar. Como se estivesse caindo de um abismo, eu me atiro num mar de ilusões e espero que alguém me resgate, afundando cada vez mais dentro de mim mesma, vivendo sobre as sombras, perdida na escuridão.